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O Flamengo vai a Sete Lagoas (MG) enfrentar o Cruzeiro pelo Brasileiro nesta quarta-feira, e muito tem sido dito sobre o tabu mantido pelo time celeste contra o rubro-negro. É fato: nas últimas sete vezes em que os enfrentamos, em casa ou fora, perdemos TODAS. Nossa última vitória foi um 3 a 1 no Maracanã, pelo Brasileiro, em 12 de setembro de 2007. Só pra se ter uma ideia de quanto tempo faz, o hoje aposentado Fábio Luciano tinha acabado de chegar ao clube.

Temos que reconhecer: nosso retrospecto contra o Cruzeiro em Brasileiros é vergonhoso. Em 40 jogos, perdemos 19, vencemos apenas 11 e empatamos 10. No entanto, um ponto deve ser considerado: nos períodos em que contou com seus melhores times – como por exemplo, a primeira metade dos anos 70, quando tinha no elenco nomes do quilate de Piazza, Dirceu Lopes, Zé Carlos, Raul, Palhinha e Joãozinho, entre outros – o Cruzeiro enfrentou o Flamengo quase anualmente (foram oito jogos nas oito primeiras edições do Brasileiro). Já o contrário não ocorreu.

Entre 1978 e 1986, época em que o Fla levantou todos os títulos imagináveis e o Cruzeiro dava vexames incríveis (como por exemplo, a eliminação direta na primeira fase no Brasileiro de 84, num grupo em que era o único time grande, e que de cinco concorrentes, três passavam direto e o quarto colocado tentava a vaga na repescagem), as duas equipes se enfrentaram apenas UMA vez: um 0 a 0 decepcionante no Mineirão, em fevereiro de 1981, com um time rubro-negro todo desfalcado (pra se ter uma ideia, não jogaram Leandro, Júnior, Zico, Tita e Nunes; o volante Vítor jogou de lateral-direito, enquanto o lateral-direito de origem Carlos Alberto jogou na esquerda; e Peu vestiu a camisa 10, municiando um ataque formado por Fumanchu, Ronaldo Marques e Edson).

Ou seja, ao contrário do que aconteceu com times como Santos, Atlético-MG e Corinthians, o Cruzeiro raramente enfrentou o Fla no melhor período rubro-negro da história. Ficou para o terreno das especulações imaginar o que a geração mais vitoriosa da Gávea teria feito contra Osires, Luis Cosme, Orlando Fumaça, Zezinho Figueroa, Eudes, Bendelack, Dedé de Dora e outros que vestiram azul na época. Pode-se dizer que os regulamentos dos Brasileirões de então, que dividiam os times em vários grupos, salvaram a Raposa.

Mas, ainda assim, é importante lembrar que É POSSÍVEL vencer o Cruzeiro fora, seja no Mineirão ou em qualquer outro estádio mineiro. Já o fizemos até em momentos adversos. Seguem abaixo quatro mostras disso.

1. Cruzeiro 1 x 2 Flamengo (Campeonato Brasileiro, 18 de setembro de 1993)

Nossa primeira vitória sobre o Cruzeiro no Mineirão – estádio no qual pisamos pela primeira vez em 1966 – veio somente em novembro de 1990, um 2 a 1 pelo Brasileiro, gols de Nélio e do zagueiro Fernando. E, acredite, iniciou uma série de NOVE jogos sem derrota para o rival em Minas, quebrada apenas em 1996.

Já este jogo pelo Brasileiro de 93 marcou o primeiro confronto pela competição entre um jovem atacante (a dias de completar 17 anos), um certo Ronaldo (futuro Fenômeno, futuro Fofômeno), e o alegado time de seu coração, o Flamengo.

E o garoto abriu o placar, driblando o goleiro Adriano, logo aos seis minutos. Mas o Fla, comandado no banco pelo maestro Júnior e em campo pelo experiente Casagrande, também tinha seus meninos, e dois deles virariam o marcador: o zagueiro Rogério (futuro Lourenço) empataria aos dez, em sua especialidade, os pombos-sem-asa nas cobranças de falta; e o meia-atacante Marcelinho (futuro Carioca) marcaria o segundo, a oito minutos do fim.

2. Cruzeiro 0 x 1 Flamengo (Copa do Brasil, 10 de maio de 1995)

Sim! Nós ganhamos deles lá dentro num dos anos mais esquecíveis de nossa história! Tido como time copeiro, o Cruzeiro viu o Fla ser mais copeiro ainda. Pressionamos no primeiro tempo, fomos pressionados no segundo, mas aí um certo gênio chamado Romário resolveu aparecer, no último minuto, com um belo passe para Sávio (é, em alguns momentos eles se entendiam muito bem). Na volta, no Maraca, empatamos em 1 a 1 e garantimos a vaga. Ah, sim! O técnico do Fla era Vanderlei Luxemburgo.

3. Cruzeiro 0 x 1 Flamengo (Supercopa da Libertadores, 15 de novembro de 1995)

Sim! Nós ganhamos deles de novo lá dentro naquele 1995 desgraçado. Foi no dia exato do centenário rubro-negro, durante a linda e quase perfeita campanha na Supercopa, na qual, sob o improvável comando do “Apolinho” Washington Rodrigues, ganhamos sete dos oito jogos – eliminamos o então campeão do mundo Vélez Sarsfield, o Nacional do Uruguai e a Raposa, todos com vitórias na ida e na volta – e perdemos apenas o que não podíamos (é, aquele mesmo contra o Independiente na Argentina), antes de ganhar no Maracanã, mas não levar a taça. Definitivamente aqueles doze meses não estavam pra gente.

Mas, de volta àquela tarde festiva nas Alterosas, Ronaldão fez de cabeça o nosso gol da vitória, antes de Sávio ser expulso por uma falta que sofreu (depois de ser bicado no tornozelo por alguns metros pelo Luis Fernando Flores sob a complacência do juiz, o Anjo Loiro da Gávea revidou, e o árbitro mandou os dois pro chuveiro), e Romário sair de campo de maca para dar lugar ao Pingo. Se não conseguimos salvar o ano, pelo menos no dia em que o clube completava 100 anos nós tivemos motivos pra comemorar.

4. Cruzeiro 0 x 1 Flamengo (Campeonato Brasileiro, 8 de novembro de 2001)

Esse foi daqueles milagres que só uma extenuante campanha contra o rebaixamento pode proporcionar. Fomos bombardeados por Alex, Jorge Wagner, Sérgio Manoel e companheiros por quase todo o jogo, e o Julio César catando tudo. Aí, aos 36 do segundo tempo, Petkovic rola meio de letra, meio de calcanhar para o baixinho Roma tocar rasteiro pras redes, da entrada da área.

O Flamengo vinha de derrota no clássico contra o Fluminense, e depois seguiu naquela toada, perdendo pra Portuguesa no Maracanã e pro São Paulo no Morumbi, antes daquele gol do Felipe Melo contra o Internacional, em Juiz de Fora, nos manter por mais um ano na Série A. Mas essa vitória contra o Cruzeiro valeu cada lágrima do paredão rubro-negro depois do jogo.

E pra fechar, um momento “priscas eras”…

5. Flamengo 5 x 1 Cruzeiro (amistoso, 3 de março de 1968)

Não foi em Minas, foi no Maracanã. Não foi pelo Brasileiro, sequer foi jogo oficial de competição, apenas um amistoso de início de temporada, jogo de entrega das faixas de campeão mineiro de 67. Mas como goleada é sempre bom, e o Flamengo destruiu um mitológico Cruzeiro com Tostão, Dirceu Lopes, Zé Carlos, Raul, Procópio e Natal com dois gols do gênio Silva “Batuta”, e os garotos Luis Carlos (futuro “Tatu”, do Vasco) e César (futuro “Maluco”, do Palmeiras) completando o massacre, vale a lembrança. Vai pra cima deles, Mengô!